Uma casa, um conto e uma experiência curiosa
Sempre interessado em experiências relacionadas ao morar, o filósofo Alain de Botton escreveu, há alguns anos, o livro Arquitetura da Felicidade, que rendeu documentário homônimo ainda mais interessante. Mas, neste projeto, batizado de Living Architecture,

Sempre interessado em experiências relacionadas ao morar, o filósofo Alain de Botton escreveu, há alguns anos, o livro Arquitetura da Felicidade, que rendeu documentário homônimo ainda mais interessante. Mas, neste projeto, batizado de Living Architecture, ele se supera: prova na prática todas as suas teorias de que as casas que habitamos podem ser muito mais interessantes, curiosas e instigantes. E que não vivê-las intensamente é um desperdício.
Por Carol
A ideia é ousada: ele se aliou a escritórios de arquitetura ao redor do mundo para criar casas como a House For Essex, que estão abertas para que as pessoas passem temporadas. Assim, podem sentir na pele o que ele explica há tanto tempo. Você aluga a casa por alguns dias e pode viver a experiência sozinho ou com mais três amigos.
Ludicidade
Esta em especial, perto da costa de Essex, na Inglaterra, traz uma ludicidade que remete a contos de fada. Seria, talvez, uma lenda moderna – coisa que atrai cada vez mais as novas gerações. Elaborada pelo escritório de arquitetura FAT, a casa é definida por eles como “uma declaração radical sobre a arquitetura e sua capacidade de narrativa e comunicação”, e idealizada como uma capela dedicada à santa Julie Cope, que conta uma história fictícia rica e complexa.
O exterior, revestido por mais de 1900 azulejos verdes e brancos, traz símbolos associados à vida de Julie Cope. Ela aparece no telhado, em um cata-vento gigante. Tudo, para eles, se trata de um lugar monumental, acolhedor, talvez um pouco perturbador, mas divertido, sobretudo, já que os visitantes passam por uma série de desdobramentos de espaços – com paredes interessantíssimas, nos mais minuciosos detalhes.
“É um devaneio tridimensional sobre a religião, história local, feminismo, felicidade e morte”, diz o autor, Charles Holland.
Os preços para alugar as casas são salgados, mas não saem muito do que bons hotéis ingleses oferecem. Aqui, a experiência com cada objeto se transforma em dias imersos em um conto – e isso pode valer mais que uma estadia em qualquer hotel! www.living-architecture.co.uk.
Curiosa, não?
Mais casas do Living Architecture

Uma casa suspensa: assim é a Balancing Barn, que tem tijolinhos de inox. Repare no belo balanço no jardim – suspenso pela casa!

Com projeto do suíço Peter Zumthor, a casa Secular Retreat fica em Devon. É uma casa térrea repleta de janelas envidraçadas, para absorver a paisagem e relaxar completamente, longe do cenário urbano.

Muitas praias da Inglaterra são deixadas de lado. Esta é uma delas – perfeita para Alain se aliar ao NORD (Northern Office for Research and Design) a fim de um projeto que vê o lado poético da solitude. Com isso, pense em poltrona de leitura com vista para o mar, em uma cozinha aberta à paisagem da praia e interiores sóbrios, mas com um toque de cor.
Alain sempre pensa em experiências que façam o morador se relacionar com o entorno por meio da casa. Seja com a decoração ou pela arquitetura, o morar deve ter encanto, profundidade e fazer nossas vidas valerem a pena!
Fotos: Living Architecture