A emoção que cada objeto contém
Aproveite que hoje é sábado e faça o teste aí na sua casa: despeje o mesmo vinho em uma taça de cristal e em um copo de vidro comum. Sinta a impressionante diferença entre as duas

Aproveite que hoje é sábado e faça o teste aí na sua casa: despeje o mesmo vinho em uma taça de cristal e em um copo de vidro comum. Sinta a impressionante diferença entre as duas bebidas. Este é o exercício que Donald Norman, autor do livro Emotional Design (ed. Basic Books), nos propõe para explicar sua teoria. Após anos trabalhando com a engenharia da usabilidade, ele percebeu que as coisas que funcionam melhor são as que mais amamos, no dia a dia. Ou seja: se você acha que o gosto do vinho é superior em uma taça de cristal, é porque ela cumpre sua função melhor que o copo de vidro. A taça se acomoda melhor entre os lábios, proporciona uma experiência olfativa mais rica, seu formato tem encaixe perfeito nas mãos.
Por Carol
É por isso que pagaremos mais caro, naturalmente, por uma taça de cristal. E o interessante é que essa reflexão pode nos estimular, também, a selecionar melhor os objetos que temos em casa. Os itens que possuímos não devem ser confusos, irritantes, frustrantes, difíceis de usar, segundo Norman. Se forem, não merecem estar acessíveis no nosso dia a dia, não devem fazer parte da nossa rotina, afinal, eles podem somar pontos negativos ao nosso humor.
Veja o espremedor de laranjas acima, criado pelo designer Philippe Starck, por exemplo, um ícone de design mundial festejado desde a criação. Além de sedutor, é um objeto que foge do óbvio, nos diverte, mexe com nossas ideias e deixa até o ato de fazer suco mais lúdico… mas também proporciona uma experiência ótima de usabilidade: o suco cai diretamente na jarra abaixo dele. Sem confusão, sem estresse, com diversão!
O mesmo vale para objetos escanteados e sem uso em casa: olhar para eles nos faz pensar em um espaço ocupado, em um gasto supérfluo e sem sentido. Ou seja, nos leva a acreditar na incompetência que tivemos ao não dar um novo uso à coisa, ou doá-la, reciclá-la. “Design comportamental é sentir-se no controle, e isso inclui usabilidade, compreensão, mas também sentir o quanto essa coisa é agradável”, ele explica. “Emoção tem a ver com estar seguro no mundo, interpretá-lo e poder dizer: ruim, bom, seguro, perigoso”, completa, apontando por que um objeto emociona mais que outro.
Foto 1: ambiente com mesa de Zaha Hadid, na AD Lifestyle
Fotos 2 e 3: o design de Philippe Starck, divulgação
Foto 4: ambiente de Marcel Wanders, divulgação
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