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Na Casa de “Hestia”

A Deusa Romana correspondente à Grega Hestia é Vesta. Assim como Hestia, Vesta personifica o fogo sagrado, a chama divina que nutre e protege os lares, a vida doméstica e a cidade. Ainda hoje é

A Deusa Romana correspondente à Grega Hestia é Vesta. Assim como Hestia, Vesta personifica o fogo sagrado, a chama divina que nutre e protege os lares, a vida doméstica e a cidade. Ainda hoje é possível conhecer as ruínas do Templo de Vesta em Roma, e o lar de suas sacerdotisas: As Vestais!

Por Angelita

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O Templo de Vesta localiza-se no centro do Fórum Romano, que é uma grande praça retangular, em torno da qual encontra-se a maioria das estruturas arquitetônicas mais importantes da cidade antiga, tais como o Coliseu e o Palácio Imperial. Sendo o principal eixo comercial da Roma Imperial, o Fórum foi por séculos o centro da vida pública romana. Nele aconteciam cerimônias cívicas e religiosas, as eleições, os discursos públicos, os processos criminais e tudo o mais que fazia de Roma uma metrópole efervescente em sua época. Tanto é que, visto como “O coração da Roma Antiga”, o Fórum foi considerado o ponto de encontro mais conhecido do mundo em toda a história.

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Na parte sudeste do Fórum encontra-se o Templo de Vesta (século VII a.C.). Sua construção e diversas reconstruções posteriores ocorreram durante o Império Romano, sendo considerado um de seus templos mais antigos. As muitas reconstruções do Templo se deram em função de incêndios que destruíram ou danificaram o local. Um exemplo foi o grande incêndio de Roma, de 64 d.C., durante o governo de Nero. A característica principal do Templo de Vesta é o seu formato circular, incomum para os templos romanos. No centro do Templo nutria-se o fogo sagrado, considerado a alma da cidade de Roma. Diferentemente do culto a outros Deuses, o de Vesta não possuía uma imagem da Deusa. Era o próprio fogo sagrado que representava a presença da Divindade.

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O fogo de Vesta era alimentado e cuidado por suas Sacerdotisas, as Vestais. Seis moças, oriundas das famílias mais importantes de Roma ainda quando crianças, faziam voto de castidade por 30 anos para dedicarem-se unicamente ao culto de Vesta. Apesar da rigidez moral imposta às Sacerdotisas de Vesta, estas usufruíam de direitos inimagináveis para as outras mulheres romanas. Não sendo mais consideradas propriedades de seus pais, elas eram independentes e podiam ter suas próprias propriedades; tinham autorização para viajar livremente pela cidade; tinham assentos especiais para assistir jogos ou outras apresentações em lugares de entretenimento como o Coliseu e o Circo Máximo; eram consideradas invioláveis e sagradas… E se uma pessoa condenada à morte cruzasse com uma Vestal, no caminho da execução, o criminoso seria automaticamente perdoado!

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Assim como a Deusa Vesta, as Vestais personificavam a ideia de sacrifício e de pureza. Por isso, se falhassem na missão de alimentar o fogo sagrado, ou se quebrassem o voto de castidade, as Vestais eram enterradas vivas! A importância simbólica da perpetuação do fogo de Vesta se dá pelo fato de que se acreditava que ele assegurava aos Romanos que o seu estilo de vida, os seus lares e a sua cidade estavam protegidos e guardados pela Deusa. Para garantir a manutenção do fogo sagrado, a casa das Vestais ficava localizada atrás do Templo de Vesta, e constituía-se de um palácio de três andares com 50 cômodos. Os cômodos, organizados em torno de um pátio com três espelhos d’água, incluíam quartos individuais para cada uma das Vestais e outros ambientes, sendo a cozinha e a despensa alojadas ao lado dos aposentos íntimos das Sacerdotisas. Contornando o pátio central haviam estátuas de Vestais, e algumas delas ainda se encontram no local e outras no Museu Nacional Romano.

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As Vestais eram as únicas mulheres na sociedade Romana que exerciam um papel religioso. A vida religiosa em Roma era comandada por homens, e o Pontífice Máximo era sua figura principal. Em função disso, o Pontífice Máximo era o único homem com acesso permitido ao Templo de Vesta, mas nem ele podia entrar no Peno das Vestais. O Peno das Vestais era o recinto secreto da Deusa, que ficava localizado no pódio do templo. Lá se guardavam os objetos sagrados que asseguravam a grandeza de Roma, e estes não podiam ser vistos por ninguém além das sacerdotisas. Apesar do caráter secreto da vida no Templo de Vesta, uma vez por ano, entre os dias 7 e 15 de junho, ele era aberto a todas as mulheres de Roma, sendo que o dia 7 era dedicado às parteiras. Essa era a época da Vestália, o festival dedicado à Deusa Vesta. Nos dias da Vestália as mulheres entravam no templo descalças e com os cabelos soltos, lá oravam à Deusa pelo bem de suas casas e famílias.

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As mulheres que visitavam o Templo de Vesta, durante a Vestália, costumavam levar várias iguarias para as Vestais, e estas, em retribuição, lhes ofereciam a mola salsa, uma farinha de trigo branca que era moída, torrada e salgada pelas Sacerdotisas para ser utilizada como uma oferenda às divindades cultuadas em cada lar. Todos os rituais envolvendo o festival de Vesta cumpriam o papel de celebrar o poder do lar, para o qual a manutenção do fogo assegurava calor e a garantia de êxito na transformação do grão cru em um produto comestível. Ou seja, no culto à Vesta e no trabalho de suas Sacerdotisas, as Vestais, a sociedade romana celebrava a casa como fonte da vida cotidiana e sustentáculo da vida social.

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Por tudo isso, se você for à Roma, não deixe de ir ao Fórum Romano, caminhe pela Casa das Vestais, admire o Templo de Vesta… E lembre-se do significado profundo abrigado por aquelas ruínas históricas que nos ensinam que a casa pode ser muito mais do que um conjunto de paredes e um teto sobre elas!

Imagens: Leonardo Scardua (arquivo pessoal)

projetohestia@gmail.com

Onde habita o coração! A essência simbólica de Hestia: deusa grega do lar que preside a chama que alimenta a vida nas casas, nas cidades, no mundo ... O Projeto Hestia é uma proposta de celebração da casa, do cotidiano, da vida doméstica, da rotina, das pequenas coisas que configuram a experiência sensorial de habitar os espaços construídos. Aqui, acreditamos que o exercício diário de morar pode, e deve, ser uma oportunidade para a promoção de felicidade!

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