Chorar na cama que é lugar quente!
Não importa quantas habitações existem na sua cidade, apenas uma delas você chamará de casa. Objetivamente, uma casa é somente uma construção com paredes, piso e teto. A maioria dos locais de trabalho e de estudo é

Não importa quantas habitações existem na sua cidade, apenas uma delas você chamará de casa. Objetivamente, uma casa é somente uma construção com paredes, piso e teto. A maioria dos locais de trabalho e de estudo é uma edificação com paredes, piso e teto, na qual habitamos por parte considerável de nossos dias. Por que, então, não chamamos de casa toda e qualquer edificação na qual passamos nosso tempo?
Por Angelita
Porque casa é o espaço que nos fornece calor emocional e segurança. Quando sentimos falta de casa não é apenas de um teto sobre nossas cabeças. A falta da nossa casa é a falta do lugar sagrado no qual nos sentimos protegidos das ameaças que nos assombram no mundo lá fora. Nesse sentido, a casa é o lugar das emoções por excelência. Psicologicamente, a definição de um espaço como casa não tem a ver apenas com aspectos construtivos ou deleites estéticos. O que nos faz perceber um espaço como sendo nossa casa é o fato de ele acolher nossos afetos. Alegria, prazer, entusiasmo, serenidade, tranquilidade, relaxamento e muitas outras emoções e sensações positivas contribuem para que uma construção se torne para nós uma boa casa… Mas não é o suficiente!
A boa casa é também aquele lugar para o qual queremos voltar quando o dia não foi como desejávamos, quando as pessoas e o mundo não nos tratam como gostaríamos. A casa ideal é aquela na qual tudo o que nos enfraquece e diminui, seja física ou emocionalmente, encontra acolhimento. Para que em nosso imaginário uma construção se transforme na nossa casa é necessário que ela cumpra seu papel de abrigo. Nela tem de se encontrar confortavelmente acolhida para a doença, a dor, o medo, a raiva, a decepção, a insegurança, a dúvida, a rejeição e tudo o mais que preferimos não compartilhar com as pessoas com as quais não temos intimidade.
Assim, uma casa boa para se viver, na qual nos sentimos felizes e protegidos, é o lugar no qual nos permitimos estar tristes, irritados, irados, ressentidos, magoados, amedrontados, indecisos, inseguros ou sob qualquer outra condição emocional não muito desejável socialmente. Na casa na qual nossos diferentes afetos e muitas faces são reconhecidas e acolhidas conseguimos ser mais inteiros e, consequentemente, podemos viver mais verdadeiramente e felizmente. Dessa forma, a boa casa nos fortalece, nos oferece condições para curar as feridas físicas e emocionais e nos restabelecermos para enfrentar mais uma vez os desafios que fazem a vida valer à pena.
Afinal, se é para chorar que seja na nossa cama, que é lugar quente!
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