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O Coração da casa

A cozinha sempre foi chamada de “O coração da casa”. Mas por quê? Por que a cozinha seria tão importante para a habitação humana? Primeiramente, podemos pensar que o fato de a cozinha ser a

A cozinha sempre foi chamada de “O coração da casa”. Mas por quê? Por que a cozinha seria tão importante para a habitação humana? Primeiramente, podemos pensar que o fato de a cozinha ser a principal fonte de calor da casa ajude a explicar sua associação com o coração. O fogo, que tendemos associar à cozinha, tem sido biológica e simbolicamente um elemento fundamental para a existência dos seres humanos. Na companhia do fogo os humanos se aqueceram nas baixas temperaturas, se protegeram do ataque de outros animais, curaram cortes e feridas, iluminaram os encontros nos quais transmitiram conhecimentos… E, principalmente, com o fogo aprendemos a cozinhar nossos alimentos!

Por Angelita

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O desenvolvimento da técnica de cozimento dos alimentos foi fundamental para que nos tornássemos humanos. Pelo menos essa é a teoria defendida pelo primatólogo britânico Richard Wrangham. Na visão de Wrangham, os alimentos cozidos permitiram que nossos ancestrais pré-históricos aproveitassem 100% dos nutrientes de uma refeição. O corpo humano metaboliza apenas 30 ou 40 % dos alimentos crus! Com mais calorias disponíveis o cérebro humano desenvolveu-se mais e melhor.

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O desenvolvimento da tecnologia de cozimento demandou outras inovações como a criação de recipientes para cozinhar e guardar os alimentos. O domínio do fogo, por meio da culinária, teria sido o principal fator evolutivo que nos faz ser quem somos: seres inteligentes, imaginativos e criativos! Mas não apenas isso, a inovação trazida pelo hábito de cozinhar teria transformado também as relações sociais. A comida cozida, por fornecer calorias rápidas, permitiu que os machos humanos se concentrassem na caça, enquanto a coleta de frutos e raízes – e o cozimento desses – ficou a cargo das fêmeas. Isso ajudaria a explicar a eventual divisão sexual do trabalho e nossa prática de compartilhar os alimentos.

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Com tudo isso, parece razoável, portanto, que a cozinha seja o centro da casa, que a ela associemos tantas experiências de partilha, acolhimento e prazer. Seja ela pequena ou grande, a cozinha é onde as refeições são criadas para alimentar os corpos, as mentes e as almas de amigos e familiares em todo o mundo. É muito provável que em sua história pessoal haja o registro de alguma figura feminina – ou mesmo masculina – em torno do fogão. Avós, tias, mães, e muitas vezes empregadas domésticas, colorem nossa memória com sabores e odores da grande alquimia que se dá entre bancadas de pias, mesas, geladeiras e fogões.

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No longo da história dos seres humanos a cozinha se transformou. Ela já ocupou fisicamente o centro da casa nas primeiras habitações humanas, depois foi relegada aos fundos da moradia, longe das áreas sociais, sendo o espaço no qual escravos, empregados ou as mulheres da casa se espremiam para cozinhar para as famílias. Nos últimos 20 anos, ou mais, as cozinhas foram se tornando lugar de convívio, abrindo-se para salas, terraços e varandas para abrigar encontros e comemorações. Cada vez mais, a cozinha volta a ser vista como um espaço de vida, o que faz todo sentido… Se no quarto a vida pode ser criada, é certamente na cozinha que ela será nutrida!

 

Foto 1: Pinterest

Foto 2: Houzz

Foto 3: Decoist

Foto 4: Ikea

Foto 5: Style Curator

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angelita.scardua@gmail.com

Psicóloga, Angelita Scardua tem pesquisado a experiência de felicidade, individual e coletiva, nos últimos 20 anos. Aqui no Hestia, compartilha o que tem descoberto sobre o impacto do ambiente no nosso bem-estar psicológico, tanto em seu caráter simbólico e cultural quanto em seus aspectos neurofisiológicos e comportamentais.

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