Ninho…
O ambiente no qual vivemos afeta a todos, mas as crianças não têm os filtros emocionais que os adultos foram adquirindo no decorrer da vida. As crianças são mais sensíveis e receptivas aos estímulos ambientais

O ambiente no qual vivemos afeta a todos, mas as crianças não têm os filtros emocionais que os adultos foram adquirindo no decorrer da vida. As crianças são mais sensíveis e receptivas aos estímulos ambientais do que nós, seus cérebros estão funcionando a toda carga, capturando as informações disponíveis com avidez para propiciar aprendizagem e desenvolvimento cognitivo, físico e emocional. Elas absorvem mais intensamente as imagens, sons, cheiros e texturas do entorno, assim como as emoções associadas a ele. Um ambiente suportável para um adulto pode ser extremamente estressante e desolador para uma criança.
Por Angelita
As crianças têm muito pouco controle sobre o ambiente em que vivem, elas dependem dos adultos para se sentirem seguras, nutridas, acolhidas e protegidas nos espaços em que habitam. Quando o ambiente de uma criança não cumpre a função de atender a essas necessidades ela pode se sentir desamparada, assustada, angustiada, infeliz. Quando a criança não consegue comunicar verbalmente o incômodo que sente em relação às condições do ambiente ela tenta fazê-lo pelo comportamento. Muitas vezes a inquietação, a raiva, a apatia ou a agressividade de uma criança pode estar tentando dizer “me sinto excessivamente estimulada com tantos sons e luzes eletrônicas”, ou “preciso de espaço para os meus movimentos”, ou “não consigo me sentir segura nesta bagunça”.
Então, como podemos criar ambientes que ajudem a satisfazer as necessidade de uma criança? Primeiramente é importante pensar que o espaço doméstico deve funcionar como a referência material e simbólica do que é necessário à vida: alimento, abrigo, carinho, estimulação cognitiva, proteção. Nesse sentido, um ambiente que ofereça condições para o aprendizado, para o movimento, para a interação afetiva e social, tende a ser o mais saudável para uma criança. E isso não significa apenas condições materiais, mas essencialmente comportamentais. Fazer uma refeição à mesa e em família oferece maior sensação de segurança e acolhimento do que comer sozinho em frente à tv. Cadeiras de balanço, redes, almofadas, espaços de aconchego podem ser bem legais, mas se não há quem embale a criança com canções, histórias, abraços e olhares afetuosos, ela não se sentirá acolhida.
Elementos naturais como o fogo e a água oferecem um sentido de conexão com a natureza e a vida. O fogo, por exemplo, remete simbolicamente ao calor físico e emocional, e crianças adoram uma reunião em torno de uma fogueira ou lareira. Nem sempre isso é possível, claro! Ou mesmo seguro. Mas luzes apagadas e uma vela acesa no centro de uma mesa tem efeito semelhante para a mente infantil, além de criar o ambiente perfeito para jogos em família, conversas sobre histórias dos antepassados e temas diversos. A água, por sua vez, é quase sempre diversão garantida e uma possibilidade para a interação social, não importa se é uma mangueira no quintal, uma bacia, um tanque, a praia ou uma piscina. Explorar as possibilidades de contato com a terra também é uma atividade estimulante e convidativa para as crianças. Se você não tem um quintal pode ensinar sua criança a cultivar uma plantinha em um vaso dentro de casa. Ela aprenderá muito sobre a vida com isso, acredite!
Seja a vela no centro da mesa, a história na hora de dormir, o banho de mangueira nos domingos de verão, o cultivo de plantas, a montagem da árvore de natal em meados de dezembro ou a pipoca na hora do filme, qualquer atividade familiar que se repita regularmente acaba por tornar-se um ritual. Tudo o que uma criança vive em família ajuda a definir como ela enxergará a si mesma e ao mundo em torno dela. A casa na qual crescemos é o espaço no qual vivenciamos a maior parte das experiências em família. Nossa casa de origem, portanto, é o templo no qual os rituais familiares se constroem e se eternizam, sendo o espaço no qual nossa mitologia pessoal é esboçada. É por isso que rituais diários, semanais e sazonais dão às crianças uma sensação de segurança, estabilidade e pertencimento. São referências afetivas importantes que as ajudam a alçar voo em um mundo cheio de incoerências e de incertezas que não podemos evitar, mas com as quais podemos aprender a lidar.
Foto 1: Giant Birdsnest por OGE
Foto 2: Dezeen Magazine
Foto 3: Inrichting-huis
Foto 4: Houzz
Foto 5: Pinterest
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